As vezes eu me assusto comigo mesmo. Explico:
Algumas pessoas levam suas vidas de uma maneira tão diferente daquilo que eu acredito ser o mínimo que um ser humano deve desempenhar aqui na terra que eu fico me perguntando pra que afinal elas servem.
Claro que isso é uma tremenda estupidez da minha parte. Todo mundo tem o seu valor e se eu me dispor, certamente aprenderei algo bacana com essas pessoas. Mas, quase sempre eu me irrito e sigo em frente. Irritado! Huhauhauha
Tem uma garota que "trabalha" numa lojinha de artesanato onde também funciona uma lanchonete aqui na minha rua.
Ontem eu fiz cinco tentativas para comprar uma água com gás e foi tragicômico.
Na 1a tentativa a porta estava fechada e pelo vidro eu a vi escovando seus cabelos.
Na 2a estava ela metida numa espécie de touca de astronauta e o som bem alto, a porta ainda fechada e ela nem me viu.
Na 3a me pediu pra voltar em 15 minutos, porque estava arrumando o cabelo.
Na 4a não encontrou a chave.
Na 5a após uma luta entre ela e a fechadura e uma espera de uns 5 minutos depois da porta aberta, ela volta lá de dentro e me diz:
Tenho, mas, tá quente.
Eu não sei como ela se chama, mas, eu a chamo de Pilar. Uma homenagem a sua vida devotada a cuidar dos seus cabelos.
O que me conforta é que eu não estou sozinho nessa luta de não entender as garotas. Mas, nada contra as garotas, sério. Até porque, conversando sobre os ocorridos com outras garotas elas também não entenderam nada.
Hoje eu passei lá em frente e vi o escovão de Pilar deslizando no tobogã de seus cabelos. Um inconfundível barulho de secador e uma cara de quem não estava filiz com o resultado que estava obtendo.
Mas, a minha cara era de filicidade, porque na minha mão eu já trazia a minha água.
Pilar sua danada, ontem quase morri de desidratação enquanto tu não largava esse escovão.