Era mais fácil se não tivesse começado,
Mas, começou e começou errado.
Assim pelo avesso, atravessado, de lado.
Explicar eu não posso nem tão pouco gostaria. Porque tudo que merece explicação, sofre subtração. Perde pedaço, essência se esvazia.
Depois não adianta água de cheiro, cinema e doceria.
A palavra intencionada, amarga, guardada e fermentada finalmente foi dita, liberada, proferida.
E por ela palavra maldita o texto foi ferido, mudado, alterado e o final perdido.
As coisas terminam, sempre acabam, até mesmo quando a gente acha que nunca acabou.
Amor expira, refrigerante em lata vence, cabelos caem, pele resseca, pra tudo virar pó.
"Vira pó só"
E vira pó numa tarde quente de verão, ou numa madrugada fria após uma noite de queijos e vinhos.
Ai, vira e mexe as lembranças do que um dia fomos sacode os sentimentos que guardamos, mofados, calados, escondidos porém existentes, mas, não resistentes, porque: Amor expira, refrigerante em latas vence e o de garrafa também!
Fui tentado a dizer que refrigerantes e cabelos são recolocáveis e amores não, amores são eternos. Mas, amores são tão descartáveis quanto as escovas de quem um dia amamos.
Muitas vezes lembranças me afogavam sem que eu pudesse respirar. E mal me fazia, mal eu ficava...
Permanecer mal não posso, não quero, não é preciso!
Por isso eu pus na cara um sorriso.
E não é fabricado não, é riso flora de quem viu o Rio de cima dum avião. Passando no corcovado, voando baixo, voando baixo, sonhando alto, nas nuvens!