quarta-feira, 11 de junho de 2008

A culpa é de quem?


Ontem perguntei pro meu coração,
Como é que ele agüenta tanta solidão.
Falamos um pouco sobre o meu rosto,
E ele garantiu que a culpa não era dele não.
Discretamente o indaguei sobre a minha boca,
Você não acha que ela é ruim de lábia?
Não! me respondeu o coração, ela até que é sábia.
A barriga, os pêlos a idade?
Quem é o culpado por tanta solidão?
Sou eu mesmo, seu calejado coração.
Sou eu que morro de rir da felicidade,
Que não vejo nada belo nesta cidade.
Sou eu que rejeito as imagens que os olhos me enviam,
E que digo ao cérebro: esses não te serviam.
Faço com que o nariz só sinta o fedor,
E permeio a sua vida de dor.
Fui eu que me fechei para as novas aventuras,
E me vesti de ataduras.
Sou eu que estou um trapo,
E que faço todo príncipe virar sapo.
Mas não me leve ao cardiologista,
Eu preciso mesmo é de uma boa diarista.
Que abra as minhas portas e janelas,
Que limpe toda essa sujeira,
Que deixe a luz entrar.
Que remova os bolores,
Que me devolva as cores,
Para assim eu poder amar.

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