quinta-feira, 29 de abril de 2010

Roda viva!

A gente muda que é pra vida mudar. E quando a vida muda, bate uma saudade danada da vida que a gente acabou de abandonar.
E eu tava bem assim; me sentindo muito só. Bem longe de tudo aquilo que eu entendia ser a minha vida. Viagens, avião, bus, trem, correria e depois de oito dias mar adentro eu fui parar.
A não sei quantos graus de latitude não sei da onde, olho pro céu e me espanto. São estrelas, planetas, cometas, astros e eu aqui ainda me sentindo muito só.
O vento cortava a ilha ao meio balançando as folhas e agitando o mar. Meu ouvido, sempre atento e amigo distinguiu que lá de longe vinha um som dum Birimbá.
Pernada pra lá, pernada pra cá.
Meia lua, martelo, caxixi e jogos de brincar.
E o birimbau?
Ah, esse quando canta "invade minha alma!"
Encontrei uma turma boa. Percussão poderosa, alegria vigorosa e a capoeira como novo amor.
Conheci os mestres sem cordas, os professores sem títulos, os sábios sem estudos. Bebi dessa fonte que rola simplicidade e simpatia.
Joguei feito um menino folia. Alegria, alegria aportou em meu coração que dá dentro do meu peito mortais de euforia quando a baqueta bate no cordão.
Reconheci naquela roda meu amigo Ronald que com sorriso sempre me recebeu. E incansável me ensinou a lidar com o dobrão.
Cabaça na barriga trás o som do coração!
E esse garoto levado lá de Igarassu vai levando pra capoeira o Tom, o Jerry, a mim e vai levar também tu.
Naquela noite ao sair daquela roda em minha cabeça rodava: "Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, o tempo rodou num instante nas voltas do meu coração"
E a vida que eu queria que mudasse de fato mudou.
Saudade da velha não tenho mais.
Capoeira tu és meu novo amor!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Musica ruim, cerveja quente e bagaceira!

Musica ruim é insuportável.
Cerveja quente, intragável.
E bagaceira, assusta.
É engraçado como essas coisas sozinhas causam furor, indignação e repúdio por parte da maioria. Mas, experimente juntar as três. Jogue ainda um pouco de sacanagem e retire qualquer resquício de pudor e você terá uma festa e tanto.
Aqui na ilha (Noronha) tem umas duas baladas bem do tipo: pra inglês ver! aquelas coisas fabricadas sem muita emoção, mas, que servem pra galera se pegar e dar uns beijos.
Me serviu na primeira e na segunda vez, depois disso não me serve mais.
Mas, ao contrário do que muita gente pensa a ilha tem vida própria e em alguns cantinhos obscuros e ermos rola um brega rasgado e uma filicidade pra lá de contagiante.
Sou frequentador/defensor e entusiasta do Bar da Dice (assim mesmo sem o R) a verdade levada a sério.
Lá música ruim, cerveja quente e bagaceira é a mistura mais que perfeita pra um povo que rala a semana inteira e que no sábado a noite esquece toda essa chatice da vida, se transformando num público animado, vigoroso, disposto, colorido, muito bebado e alucinado/alucinante.
Lá não tem faixa etária, opção sexual, cor, posição social, mas tem muita posição sexual, sexo e exposição!
Lá toca Wando, Magal e o DJ de maior sucesso que pinta por lá é um carinha (esqueci o nome dele) lá de Nova dez (nova descoberta um bairro muito pobre do meu Recife querido).
A sensualidade pipoca em forma de corpos ardentes na pista da Dice e o melhor, ela, a Dice existe em carne e osso e despacha (atende) no balcãozinho do bar até as 8,9,10 ou meio dia do domingo.
O som lá é alto, a mistura dos perfumes entorpece, o colorido daquelas roupas todas confunde e tudo isso junto é uma cachaça que vicia enquanto diverte a mente de gente como eu que passei toda uma vida evitando as manifestações mais auntênticas desse povo tão querido que é o povo brasileiro.
Quando você vier a Noronha, reserve seu sábado a noite e passe na Dice. Certamente por lá mesmo você irá ficar. E não vá só. Me chame, caso isso não aconteça, a gente se encontra por lá.
Viva Dice Bar um lugar onde a verdade é levada a sério!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Registrando a vida!

Eu tenho a memória muito fraca, por isso escrevo. Escrevo pra ler e reler depois, lembrando das coisas, pessoas e lugares.
Quando a fotografia ainda era analógica eu fiz curso de foto, comprei uma Rebel, me meti no estúdio do meu amigo André Moura pra ser seu assistente, cliquei Sampa em dias de chuva, cliquei as estradas que nos tiravam e nos levavam pro seu denso caldo, varei calçadões com seus skatistas. Diminui a luz, aumentei o ISO, obturador, diafragma...
Daí veio a digitalização e eu dino (dinossauro) que sou resisti burramente aos avanços inevitavéis da tecnologia.
Larguei a fotografia. E amarelou meu portfolio... Mofou todo o meu equipamento. Embaçou geral o meu olhar.
Alguns (muitos) anos depois, fui presenteado pelo meu amigo Daniel Villaça com uma Canon 10D a primeira máquina digital da Canon. E tudo o que aconteceu depois disso foi magia pura.
E eu ela estávamos congelados. Esperando um pelo outro.
E o meu olhar embaçado, desembaçou!
E como se fosse um castigo é ela que está comigo, a mesma que no passado me afastou.
Tou feito menino besta com brinquedo novo. Eita como é bom ver a vida pelo angulo de uma camera!
E escrever agora não me basta. Fotografar é preciso!
Diga Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiissssssssssssssss!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

É mais fácil dar errado!

Era pra sair feito um som do Fábio Jr. aqueles que os descolados ouvem, gostam, mas nunca admitem.
Era pra ser uma aquarela de cores vibrantes, matizes vivas, belas, cintilantes. Ia ter também muito sorriso, muita festa e casa sempre cheia.
A gente ia dividir tudo, meio-a-meio, rachar a coisa toda.
E de repente, subtamente surgiu descarrilhado e louco o trem do "destino". Virando, mexendo, batendo e sacudindo toda a nossa intenção de ser filiz.
E tudo aquilo que sonhamos pesadelo virou. E ganhamos duas passagens pra destinos tão diferentes, tão opostos que tudo aquilo que temos em comum não foi capaz de segurar.
Eu Oiapoque, você Chuí...
E aqui e-mail não vai, msn trava, ligações caem... Vazio e silêncio imperam!
Talvez no universo de histórias que tem por ai a nossa seja apenas mais uma. Mas, dói como única.
Ainda me resta uma centelha fraca de esperança cansada. E o que resta de folego gasto assoprando essa brasa pra ela não apagar.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ela se desarrumou pra mim!

Meu peito de medo carregado, pesava na caixa torácica feito chumbo derretido, quente, afligido.
Meus olhos, buscava revê-la ao mesmo tempo que mentiam uma tranquilidade inventada, ensaiada, falsa!
De repente voltou o tempo, o sentimento, a ilusão. Petardo em cheio no peito, soco sem luva na nuca, chão, lona, nocaute de amor que dói demais e que deixa tonto por muito tempo.
Envolta em vestes rotas, cabelinho safado, maltrado, triste... Ainda assim era tu em carne e osso e minha alma não conseguiu resistir. Tremeu forte lá dentro que balançou meu esqueleto.
E eu sentia um cheiro forte, perfumado, gostoso no vento. Enquanto tu me garantia que tava sem perfume.
É verdade que eu percebi que você tava feinha feito uma cama desarrumada, mas, o que importava é que você tava bem ali, em minha frente, fazendo o que sabe fazer melhor: Inspirar meus sonhos e contos.
Uma noite depois, tato na teta que você pediu pra eu apertar mais forte...
E descobri assim feito um Colombo do amor. Que coisa estranha, inusitada aconteceu. Você se desarrumou todinha pra mim. E ao tocar em peito seu, foi o meu que derreteu!