quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Urbanóide!

Sempre fui chegado numa cidade grande, talvez por ser eu de uma cidade pequena porém limpinha (um abraço Garanhuns). Essa coisa de metropole meche comigo. Ruas largas, rostos indiferentes, sou mais um na multidão feito um ponto de plasma no telão da história. Um Zé ninguém, de ninguém, só, Zé, apenas.
Mas nenhum Zé é apenas, nem de ninguém. Embora as vezes isso é tudo que eu queria, ser Zé, ser de ninguém. Isso é pura covardia eu sei. Mas, ser covarde não me assusta, me assusta ser super agora e daqui há pouco ser super-ado.
Hoje liguei pra um representante da empresa que eu trabalho e o celular só caia na caixa postal. Resolvi ligar no escritório as 11:17 da manhã e uma garota com uma voz linda e preguiçosa me atendeu:
- Oi por favor o passarinho (esse é o nome do meu representante) está?
- Ele tá na estrada... (num sotaque arrastado e musical)
- É que tentei o celular dele e tá desligado.
- Ele deve tá descansando... (era 11:17 fiz questão de conferir).
Dei uma boa risada me despedi e desliguei.
Cidade grande, metropole, cosmopolitismo, vida cultural intensa, opções, multidões, etc. Tudo isso ganhou um novo significado pra mim e não foi pra melhor.
Viva o passarinho que voa livremente pela ensolarada Bahia e descansa a hora que quer!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O fantástico avisou: O Belchior sumiu!

O carro do cara que fez a música: medo de avião, está abandonado no aeroporto de Congonhas. Será isso uma pegadinha?
Belchior embalou a minha adolescencia e os meus primeiros anos de juventude. Nunca gostei de medo de avião, mas, adora aquela que dizia: o dedo em V cabelo ao vento amor e flor, quede o cartaz?!
Quede tu Belchior? qués matar a gente de susto é? quede teu bigode? quede tua trunfa repartida ao meio? quede teu vozerão macho?
Sumisse por que hein? te cansasse do sistema ou resolvesse ir morar em Ipanema, sob o pseudonimo de Jurema?
Se tu não voltar logo algum esperto vai fazer um tributo a tu. E quer saber? eu vou no lançamento desse disco quase póstumo. E vou levar o cartaz: Belchior, tás onde? em Belfort é?!
Eita Belchior menino danado, será que tu fosse assaltado?
Tás correndo até agora com medo do ladrão é?
Manda um verso ai pra nós, não nos deixe assim tão sós!!!
Alguém já deu uma olhada lá em Mucuripe? será que ele não foi pescar?
Eu sei que você é apenas um rapaz latino americano sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior, mas, tu nunca vai superar isso não é?!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Nas paredes da pedra encantada!

Eu ali em frente aquele tesouro arqueológico me sentia o próprio Indiana Jones. Eu tava de boné e riso frouxo, ao contrário dele, sempre de chapéu e apressado pra salvar o mundo.
Poucas vezes na vida eu me senti tão importante, tão útil e digno de aplausos e ovações. Eu sou um conquistador, um Alexandre não tão grande, alguém que chegou lá... Lá "naonde"? você me pergunta.
Longe, bem longe de casa. Longe do medo, do frio e do erro. Longe do senado, longe das pestes que ameaçam a nossa raça, longe de tudo. (romantizo eu)
Quase soberbo, cheio de marra e me achando eu estava perante a parede e seus indescritíveis simbolos e anotações estranhas e foi ai, somente ai que me dei conta do grande mané que eu era.
Uma pedra maluca no alto de uma montanha (tinha que ser no alto né?) com coisas que eu não tinha a menor idéia do que diziam.
Cansado, frustrado e liso me dei conta que essa era uma CILADA digna de Bruno Mazzeo. Eu paguei pra fazer esse "passeio", sabia?! O pior é que tem um Sesc do lado da minha casa... Mais barato, mais interessante, com shows massa e o melhor: fica numa rua retinha, sem ladeiras ou montanhas.
Sentei do lado daquela porra de pedra e o guia veio fazer uma foto minha.
Agora pronto, fudeu de vez, a cilada está registrada pra sempre!!!
Tem uma propaganda que tá rolando por ai que diz que num é porque é promoção que a gente tem que encarar. Aprendi sentindo na pele feito tatuagem.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Um reino muito estranho!

Todos eram excessivamente felizes, gargalhavam, nunca sorriam. Eu espirrei e logo veio uma ola de estádio lotado gritando em tom de alegria: Saaaaaaúúúdddeee!!!
Tristeza não há, dúvidas também não... Os dias são sempre ensolarados, céu azul, água quente e muita, muita, bem muita felicidade, aos borbotões.
Ok, me bastaram cinco minutos pra eu querer voar dali pro mundo real, minha terra de problemas e desafios. A felicidade em excesso é imbecilizante tarja preta plus.
Era uma tarde de domingo e eu visitava a familia da minha pretendente de quem também já desconfiava ser ela uma pessoa extremamente filiz.
Cara foram horas massacrantes, nunca em toda minha vida desejei um pouco de asco, uma porção de repúdia, alguém pra ser chamado de filho-da-puta, um maluco que cantasse: pare o mundo que eu quero descer.
Gente filiz é um saco, sua visão infantilizada da vida irrita, suas vozes milimetricamente calculadas em decibéis quase inaudivéis... aaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrggggggggg!
- Me desculpe querida, mas, eu não quero casar e acabo de descobrir que odeio as borboletas.
Um maluco aqui acabou de me dizer que meu time perdeu com um gol de penalti aos 45 minutos de 2o. tempo. Ufa! que bom que a vida voltou ao normal.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

A culpa é de quem?


Culpa palavra em desuso,
Enche meu peito confuso,
Confunde meu pensar atrapalhado,
Me trazendo sobras do passado.
É pesado, é pesado,
Carregar assim esse passado.
Ainda mais espatifado e mofado,
Dificil de se definir,
Tou cansado de fugir.
Mudo, corro, desvio,
Vivo por um fio,
De navalha em alta tensão.
Brigado, valeu, hoje não...
Me viro de lado e ouço de novo:
A culpa é de quem?
Na boa? é sempre de quem nos convém.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Um sabado diferente!


Tinha tudo pra ser um sabado qualquer... Acordei 10:30, café com tudo que tenho direito, preguiça... Roupa na máquina, na vitrola Karina Buhr, na mão uma lista de supermercados. O sol brilhava lá fora me convidando pra ir a praia e foi ai que toda saudade que um ser humano possa sentir invadiu cada póro do meu corpo, doía, doía tanto que quase me esmaga contra o chão.

É uma casa muito grande e vazia, muito branca, tão branca que lembra um hospital. É fria, é silenciosa, é intimidadora. É um bairro que não consigo chamar de meu, numa cidade que não é de ninguém. É numa esquina, duma feia praça onde se deitam macumbas que apodrecem, onde jovens se picam. É suja, barulhenta, violenta e eu não gosto nada dali.

Aqui eu prefiro o frio, o céu cizento e seus rostos sisudos, nada amigáveis. Prefiro não pra ter motivo de reclamação, mas, porque me parece mais verdadeiro, autêntico.

Ninguém é culpado pela leitura que tenho desse lugar. Talvez esse nem seja o ponto, certamente o parametro que tenho é que me torna tão exigente e intransigente.

As coisas são assim e pouco posso fazer pra muda-las, mas, o pouco que posso faço. Desci, limpei o quintal, brinquei com os cachorros, li um pouco... E você não veio.

Tomei nosso resto de sorvete, daquele jeito com leite ninho. E o telefone finalmente tocou, era uma moça de um instituto de pesquisa e foi assim que lá pelas 16:35 eu falei com alguém pela 1a vez naquele sabado de sol e saudades.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A vida não é bolinho!

Hoje eu corro o risco de ser azêdo no meu post. Sim, porque a vida tem me jogado de um lado para o outro, sem dó, sem economias, sem avisos.
Os dissabores chegam sem manual que os explique e com eles uma série de apuros. São goles amargos, comida servida fria, pouca cachaça e muita dor de cabeça!
Resolvi fazer um teste, na verdade uma espécie de pesquisa de campo pra ver como anda o povo que eu chamava de minha galera. Se as dores alheias me aliviassem eu seria um beija-flor a essa altura. Estamos todos no mesmo barco, navegando num rio de merda.
Um me disse: é mais fácil dar errado na vida do que dar certo. O outro: Cara, tou morando com a minha mãe... E a coisa foi descendo até me angustiar por completo.
Eu queria ter as mais sábias palavras e um peito transbordando de esperança e alegria. O que tenho? medo!
De repente a cortina caiu e enxerguei que passamos, passamos e nada deixamos.
Bebi mais um pouco, não sei se pra esquecer ou me conformar... É engraçada essa vida. A gente sempre escuta que uma vida não tem preço e as vezes se julga tão aquém do que nos propomos.
Por via das dúvidas, vou tomar só mais uma dose. Quem sabe ela não me ajuda a dormir tranquilo, tomar uma atitude diferente ou simplesmente aceitar que não tenho o controle de nada nem tampouco as respostas pra tudo.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Passado e Presente!

Observava do meu cantinho um encontro inusitado, um velho amor do passado conversando com o meu amor atual.
E como o tempo passa... E passou!
Sentada ali estava a minha professora, aquela que me ensinou tudo o que não devo fazer e tudo o que devo também, mas, veio a vida e levou todo aquele sentimento embora. Reiventamos a relação e hoje somos amigos. Foram sete anos de curso (relacionamento), isso é uma faculdade de medicina e um ano de residência.
Do outro lado a minha pequena. Sem grandes pretensões, com olhos sempre atentos e ávidos por novidades. Sua pele dourada, pernas cruzadas, tragando goles de Bourbon, rindo da vida e faceira, leve como uma pluma ao vento.
Eu me derreto inteiro, feito o gelo do seu Bourbon e me imagino tocando seus lábios a cada novo gole. Me degole!
Ah, eu prefiro o presente sem me preocupar muito se no futuro serei o seu passado.
Sei que sou um mal aluno e vivo repetindo os errinhos que em pitadas vão conferindo um certo sabor a relação.
Que me perdoe a eterna professorinha... É que depois de alguns mesmos erros de sempre o amor nunca é o mesmo. Melhora!!!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Um achado!


Era um lugar sujo, rôto, luz ruim e bastante deprimente. Eu não lembrava o que fazia ali nem muito menos o que buscava. Fazia dias que a minha alma tinha se acostumado a esperar pouco, ou melhor, nada de coisa alguma nem de ninguém.
Detrás de uma cortina vermelha fedida e rasgada eu vi você surgindo e disse: Caraca, acho que já bebi demais.
Seus olhos, sua tez, seu cheiro e até sua altura e peso me confortaram de imediato. E meu coração, sempre pronto pra se apaixonar, se apaixonou!
Dançamos ali entre outros casais que eram coadjuvantes da nossa história. Me diverti tanto que até confundi com felicidade.
Hora de partir! saí dali sozinho como entrei, mas, não saí o mesmo que entrei.
É verdade que nada está tão ruim que não possa piorar, mas, também é verdade que basta um minuto, gesto ou sorriso pra vida se mostrar favoravel aqueles que dela não desistem.
Meu amigo Gabriel me perguntou se eu acredito em anjos, olha o nome do cara que tem dúvidas se anjo existe?!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Serenata!

Era duas da manhã, era madrugada de quinta-feira, eu já tinha lido, assistido a dois filmes, rabiscado alguns poemas pra ninguém (mentira), assaltado a geladeira como nossos colegas do senado fazem com o nosso bolso (ou seja, sem dó) e nada, nada de sono... Minha ânsia aumentava em disparada quando de repente ouvi um violãozinho sofrido rasgar a amarga madrugada. Acompanhado de uma voz ruinzinha de doer estava um garoto embaixo da janela da minha vizinha se derretendo em loas...
E nada da janela abrir!
A musica era ruim, mas a atitude era muito boa, aliás em que filme esse minino viu isso? sim, porque serenatas nos dias de hoje?! quando rolam é pelo interfone.
Sereninho chato, musiquinha chata, vizinha desmaiada ou com alguém no lugar que o garoto queria estar... Nada de janela abrir!
Eu as vezes ria, as vezes me angustiava e o repertório do nosso astro casanoviano ia se acabando... E a janela? LA-CRA-DA!!!! a prova de som, de amor e de boas atitudes.
Lá pelas tantas o garoto sentou, desiludido e sem voz. Eu irritado, observava o nosso herói vencido, aliás vencidos estavam também o amor e toda aquela atitude.
Lembrei de um resto de vinho que eu tinha, desci, peguei a garrafa, abri a porta e sem dizer nada entreguei pro nosso astro.
Em dois goles ele encerrou com aquele vinho e tascou a garrafa na janela, que dessa vez, deu ouvidos... Mas, havia perdido o melhor dos espetáculos, o melhor do mundo e quem estava ali já não era o nosso Casanova e sim um vândalo.
E é assim que as coisas parecem ser a maioria das vezes. Se a gente ama, canta, se expõe... Mas quando a gente vira bicho vira também o foco das atenções.
Quatro e pouco o sono veio, golpeou-me lentamente enquanto ouvia ao longe barulhos de sirene e alvoroços!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Periódicos que acalmam!

Impaciente e quase descontrolado eu era um paciente sem controle algum.
Minha garganta arranhava, meu corpo doía. E em pequenos gemidos eu reclamava... Não suporto ambulatórios ou coisas do tipo! Quem gosta né?
A essa altura eu já havia doado uma generosa porção do meu sangue pra análise, tomado umas outras tantas picadas e escutado um monte de histórias tristes.
Um turbilhão de pensamentos malucos desaguaram na minha cabeça me levando a um monte de perguntas cujas respostas nada resolvem.
Como é que alguém pode querer ser médico? cara, isso aqui é o trabalho do cara, todo dia... Doenças, debilidades, fragilidades e pessoas como eu, cheias de auto comiseração.
Foi quando uma garotinha que parecia perceber meu desespero me deu uma revista e um sorriso. Agradeci desconfiado e me perguntei: Será que é assim que a morte faz? vem toda bonitinha, trata a gente bem e quando a gente relaxa ela nos degola?
Fiz cara de quem não estava relaxado coisa alguma e com os olhos deixei claro que não me descuidaria.
Porém, quatro folhas depois eu estava com a cabeça leve, livre e disponivel pra foiçada da inclemente... Era uma revista de fofocas banais e de gente forçadamente filiz. Era um mundo de faz-de-conta, onde tudo é pra cima, onde tudo dá certo.
E por razões que não saberia explicar essa overdose de futilidades me fez reavaliar o quadro, a menina e a foice.
- Diga 33
- Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnta e trêssssssssssssssssssssssssss
- Ok, o Sr. está curado!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Despedida!

E eu ali, naquela estação, esperando o trem pra “paradiso” e só faltava cinco minutos pra eu partir e a esperança inundava meus olhos que percorria toda a plataforma a procura de ver você correndo pra me dar um ultimo abraço e quem sabe aquele beijo que o tempo tem curtido como a um bom vinho.
Nem aquele auto-falante anunciando o embarque imediato estancava os meus sonhos delirantes, você viria, me abraçaria, me beijaria. E tudo que vivemos nos preparou pra esse momento. E ali riríamos dos nossos medos e da surpresa de descobrir finalmente que gosto tem o nosso beijo.
E agora eu parto deixando muito mais que lembranças e levando algo mais que esperança.
Lentamente o trem ganha velocidade e te vejo pelo vidro chorando e assistindo a um filme de uma história breve e marcante.
E eu? eu sigo em frente porque seguir é preciso...
- Sr. Por favor o Sr. Precisa embarcar! Tocou-me o ombro me avisando o cara da companhia de trem.
E você não veio.
E eu fui.
Sem a demonstração explicita do seu afeto.
Com uma tristeza que poderia ser evitada.
Paradiso, paradiso, ai vou eu. Me trate bem!
Olhei pra mocinha do meu lado e pensei: “quem não pode Nova Iorque vai de Madureira”...