É cobra que troca a pele, lagartixa que perde o rabo, cabelo que a gente corta e cresce e são também os amputados.
É unha que encrava dói e cai, casca de machucado, dente de leite, lágrimas doídas de uma saudade que de tão pesada esmaga o peito da gente.
O mundo tá cheio dos nossos pedacinhos e a gente tá cheio dos pedacinhos do mundo e dos outros.
Você vai embora e vai levar um pedaço meu, um pedação!
Eu vou ficar e fico fragmentado, em pedaços miudinhos, como quem foi cremado.
Besta que sou, quando amo penso que o meu amor pode tudo. Pode parar o trem, o metrô, o elevador. Pode pular das pontes, de um mundo a outro, pode estancar a dor.
E assim sigo esperando tanto dessa vida que em troca me mói feito boi ralado nos açougues fedorentos das periferias.
Sobram-me sobras, restos, rostos opacos, suor salgando a camisa, uma brasinha insistente de fim de fogueira.
Era bom que quando a gente dissesse adeus todos os sentimentos se acabassem ali naquela hora, mas, não é assim não... Demora!
E enquanto isso não passa, não se acaba, não some, passa tu, me acabo eu de saudade e de fome.
Nenhum comentário:
Postar um comentário