quinta-feira, 30 de julho de 2009

Na ponta do pé!

Seus gestos nada singelos, seus passos quase tropegos e suas linhas, definidas como que ao acaso tomaram de assalto a minha visão. E me encheram de ternura. Que dança estranha é essa?!
Paradoxalmente também foi como um soco no estomago, isso dói... Você é a minha doença, estranhamente também é a minha cura.
E os dias vão passando, as vezes calmos, as vezes nem tanto. Mas, que bom é ter você por perto!
Meu projeto de ser filiz está de volta a prancheta e eu de novo me vejo fazendo as malas e dizendo adeus.
E é assim que a banda toca. Já dizia o ditado:
Filiz no jogo, infiliz no amor...
E a roda que você insiste em re-inventar, continua girando... E tu? bailando, bailando ao som da roda.


quarta-feira, 29 de julho de 2009

De repente a dúvida!

Hoje o dia amanheceu estranho lá pros lados da Boa vista centro do meu Recife. Um amigo, muito querido, está com uma pulga na orelha esquerda.
- acho que minha garota faz programas!
O estrago que faz uma pulga numa orelha é imensurável. Começa em quem o sente pra logo ganhar o mundo e quem nos rodeia.
Tenho uma intima relação com as pulgas, isso se deve em parte a minha insegurança.
Mas, hoje ela não é minha e daí posso me dar o luxo de dar uma boa viajada aqui.
Fiquei pensando se ela realmente for do babado o que há de tão ruim nisso?
Sim, porque ela sempre volta, se deita com ele e o trata com carinho.
Falar de trabalho é sempre uma coisa muito chata, porque ela falaria do dela?
Até onde esse trabalho é tão diferente assim? até onde ele, eu, ou quem quer que seja tem o direito de julga-la?
E você ai, pensando que porque não é no meu eu acho isso um refrescante liquido saboroso.
Mas não, pelo contrário. Só acho que tem horas e que bom que elas existem, que as convenções vão por água abaixo e eleva o nível das discussões.
Afinal, a gente tá aqui pra quê né não?!
E você hein amigo? será que o que os olhos não veem o coração não sente? isso pra hoje me parece bastante prudente.
Boa noite, boa sorte!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Isso e ócio!


Manhã de sábado chuvosa e fria...
"O melhor da vida é isso e ócio"
E eu aqui te esperando...
"Solidão não cura com aspirina"
Cheio de um sentimento que parece ser só meu...
"Tanto amor em mim, em ti nem tanto"
Com frio e nú...
"Vem me trazer calor, fervor, fervura Me vestir do terno da ternura"
Errei sim, mas...
"Até um canalha precisa de afeto Dor não cura com penicilina"
Brigar não é bom, mas necessário...
"Antes o atrito que o contrato"
E nas pazes, alegria, alegria...
" Sexo também é bom negócio"

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Coletividade!

"Ele morreu em casa" (pausa)... "tava deitado lá" (outra pausa)... "de olho fechado, morto" (longa pausa)... "foi onti"...
Estava eu espremido entre glúteos e seios, acompanhado de uma pequena multidão que se locomovia cidade à fora num transporte coletivo. Ouvindo histórias bizarras como a que mencionei acima, presenciando uma calorosa discussão onde a garota insistia que o cara pegasse um taxi e ainda uma mulher e um cara levantando duvidas sobre a paternidade do sobrinho da prima de sei lá quem. E o cara era mais fofoqueiro que a garota. "O menino parece com Ivanildo? eita pois tu és cega mesmo visse!"
Tudo isso é claro em meio a algumas bufas e muita, muita musica ruim.
Além da gripe suína por aqui tá rolando uma outra epidemia e o nome dela é: Mc zói de gato, que fora um garoto que gravou algumas "musicas" e pereceu aos 14 anos. E o meteórico Mc deixou o seu legado e vocês sabem né?! legados são legados, bons ou ruins de tempos em tempos alguém faz uso deles em profusão!
Eu ali esprimido sentia saudade do tempo em que não havia celulares, ou do tempo em que celulares só serviam para:
-Alô, tás me ouvindo?
- Tô e tu?

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Recortes!


Deixa eu dizer que te amo Deixa eu pensar em você Isso me acalma me acolhe a alma Isso me ajuda a viver

É um espelho sem razão Quer amor fique aqui...
Na verdade:
Você não vale nada, mas, eu gosto de você!

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Astúcias e jogos de brincar!

Ao longo dos anos fui aperfeiçoando as minhas técnicas, elaborando as minhas abordagens e tecendo fina teia. São armas, não se engane, são armas silenciosas para uma guerra “quente”. Pequenos afagos, beijos roubados, aromas sintonizados e rápidos são os pequenos prêmios. E um a um vou colocando na minha prateleirinha de troféus medíocres. E os observando me alimento de sonhos simples, porém impossíveis.
Quase sempre o derrotado sou eu. E de novo tenho que me recompor e seguir em frente, porque caminhar é preciso, afinal o meu prêmio maior pode estar logo ali, na próxima esquina e ao encontrá-lo verei que todo passo dado até ele terá afinal valido à pena. Mas, é duro abandonar assim algo e alguém em quem foi investido tempo, estratégia, energia, esperança e por que não dizer também amor. Pode e deve ser uma forma bastante estranha de amar, mas, é a que eu sei, a que eu aprendi e tive que fazê-lo sozinho, sem mestres ou manuais. Foi no peito e na raça, na coragem de enfrentar meus monstros e meus medos. E o resultado é esse, essa forma estranha de querer bem, sem dizer tudo o que sinto, pois quando o faço geralmente assusto, afasto o objeto do meu querer e estrago tudo mais uma vez.
Andam dizendo por ai que a gente tem que ser honesto. Conosco, com os outros, com os fatos, possibilidades, etc. E a honestidade se tornou uma moeda alta. Uma espécie de certificado de bom caráter pra quem a pratica. Mas, todas as vezes que sou honesto, principalmente com os outros o estrago tende a ser medonho. Nem eu nem o outro estamos prontos pra essa overdose de honestidade proposta.
E aqui entram os jogos de brincar. O faz-de-conta, a fábula escrita segundo a perfeição dos meus sonhos. E é aqui também que tudo se torna extremamente perigoso, pois toda essa ficção causa dor real. Um mau posicionamento das peças e lá se vai uma partida pro buraco. Ponto pra solidão.
Esperança cansa diz a canção e de engano a engano uma vida vai sendo gasta. E nessas horas é inútil querer reparar os danos. A enchente veio e levou toda a plantação revelando agora um terreno cheio de erosão e buracos a ser reparado, de novo.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Aprendendo a falar de amor!

Quão audacioso precisa ser um homem pra falar de amor?
Ainda mais quando antes dele vieram nomes como Will Shakes e o grande Vinicius O de Moraes. Mas pra minha sorte eu sinto o que eles um dia sentiram. A minha limitação não deixa que eu me expresse tão bem quanto eles o fizeram, mas, o tamanho do meu amor nada deve a esses homens, lhes garanto!
Antes do amor eu era um cara franzino, meus dentes eram de leite, meus musculos frágeis e o meu sorriso amarelo. Mas de repente veio o amor e refez essa configuração, num ato de generosidade e resgate, salvou-me de mim mesmo e do ciclo bizarro de meu mundinho e probleminhas.
O amor me faz bem, mesmo quando mutila partes vitais da minha alma. Mesmo quando me faz visitar os bares da cidade com maior frequencia, mesmo quando abuso do direito de ouvir o rei Reginaldo Rossi.
O meu amor era só pra ser amor, mas, amor que é amor nunca é só amor. É também uma pitada de medo, um pouco de insegurança, algumas proibições envolto num grosso caldo de esperança.
Quando eu deito te desejo boa noite ainda que você não me ouça, ainda que a distancia nos separe e que o que eu sinto te amedronte, aliás, o que sinto também me amedronta.
E quando acordo rio de nossas conversas recheadas de absurdos e sorrisos cheio de uma cumplicidade invejável.
Viva o amor enquanto combustivel, esperança ou até mesmo ilusão.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A guitarra e a flor!


E ali encostada num canto qualquer de uma sala de estar eu permanecia silenciosa e incoformada. Suas cores e pétalas jaziam junto ao vaso de agua amarelada. Seu perfume se perdera na imensidão do lugar.
Nessa curta história recente sua cor, meu tom, um belo som.
Agora o silêncio em respeito e de saudade. Minha flor, pétala a pétala você foi se indo. E eu nem tive tempo de te mostrar como é linda Nova Iorque no inverno!
É curtinha a vida de uma flor e ela sábia que só não perde tempo com coisas pequenas. A flor se gasta inteira pra tornar belo o lugar em que se encontra. Num jardim ou num vaso, ao ar livre ou presa, flor que se preza perfuma, colore, embeleza.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Um adeus a Sorekine!

Nunca esqueço o dia em que te vi pela primeira vez.
Seu cabelo laranja, desgrenhado e sujo, sua dança estranha, suas citações que iam da revista Bravo ao Codex Calixtinus. Você muito doida de vinho e maconha. Convenhamos, nem a memória mais fraca do universo esqueceria tanta excentricidade num único ser.
Aquele era um tempo de liberdades exageradas que resultariam numa geração estéril, débil e financeiramente dependente. E você era a nossa Sharon Stone Joplin da Silva. Zero de convenções, nada de pudores. Você era excessos e horrores.
Se os seus planos artísticos tivessem dado certo sua carreira teria sido meteórica. Não deram, mas, meteórica foi a sua passagem por aqui.
Hoje eu não trouxe flores, pois tive o cuidado de entregá-las enquanto você podia vê-las e sentir o seu cheiro. Nem apareci no dia em que te fecharam nessa casinha pequena, com arquitetura indescritível. Porque eu queria você e seus excessos, seus horrores e erros de postura e de português.
Mas, hoje eu estava aqui perto e resolvi aparecer. E é estranho saber que você está aqui e que aqui impera um silencio amedrontador.
Ah, eu trouxe a minha gaita. Vou soprar algumas notas de blues. Vamos subverter esse silencioso sistema, afinal subverter sistemas era a sua especialidade, né merrrrrrmo?!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

A hibernação de "R"

Uma amiga me acusou de ter a feia mania de colocar apelidos em todo mundo. Enquanto “R” hiberna feito um urso gordo e sonolento numa toca qualquer do antigo valo ela está flertando com um artista plástico a quem eu carinhosamente chamo de pintor de roda pé. Ela, enfurecida me dizia que ele é um artista completo e eu dizia: Plástico, de vidro, de madeira e ela se apressava em colocar; de cristal!
Eu sempre vejo coisas onde não tem nada e a boa notícia é que eu não estou sozinho. Cristal? Eita pegou pesado. Mas, é isso que o amor faz com a gente e a falta dele também, no meu caso é claro. O curioso é que o mesmo objeto de observação recebe valores tão distintos. Pra mim o rapaz é até esforçado, pra ela o Michelangelo que se cuide, que capela cistina que nada, o roda pé é que está em alta.
E esse mosaico doido chamado vida, vai conferindo historinhas como essa por todo o globo. E dependendo de que lado você está o brilho será mais intenso, as cores mais vibrantes e tudo será grande. Até os pintores de roda pé.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

UTI!

A tia de branco me pediu pra escrever tudo. Me disse que era psiquiatra e que isso iria me ajudar.
- Crie um diário e relate as coisas que lhe chamarem a atenção. Disse ela com ar de sabedoria e com a certeza de que eu não tinha muitas alternativas.
Cara quão mórbida pode ser a curiosidade humana, eu ainda nem morri e esse abutre de branco já quer consumir as minhas memórias.
Pois bem senhorita, venha e conheça os meus pensamentos, entre sem pudores na minha intimidade. Só espero que você seja boa o suficiente pra fazer delas uma tese de doutorado.
Tudo aqui é muito branco e o soro cai em gotas e cada gota deveria representar vida, mas, me parece mais um relógio sinistro, um voraz devorador do tempo e tempo e saúde são duas coisas que eu não tenho.
Todos esses tubos, aparelhos, respiradores, macas, facas e bisturis são as armas que tenho pra duelar contra o que me consome. Eu, logo eu, que sempre gostei das armas medievais.
Olho em volta e não vejo algumas coisas que costumavam me acompanhar durante toda a minha vida.
Onde está o meu sarcasmo?
E aquela certeza de que só acontecia com os outros?
Pra onde foi toda aquela coragem e desdém?
E logo aprendo uma lição: tem coisas que morrem antes da morte chegar.
O inevitável filminho da minha vida começa a ser exibido em branco e preto. Mas, o controle não está comigo. Não tem pausa, avançar, voltar, nem gravar de novo.
Sim, tem coisas das quais me arrependo!
Sim, me arrependo também de coisas que não fiz!
E em vão suplico mais uma chance...
Trimmmmmmmmmmmmmm, trimmmmmmmmmmmmm!!!!
O despertador me sacode pra mais um dia “comum”
Dias comuns não existem, pessoas comuns, menos ainda.
Lavei o rosto, desci pro café e sorri pro ovo frito.
É meu caro quase galináceo, não importa como se morre, importa mesmo é como se vive!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A colheita!


O amor é algo grandioso, ousado, sacudido e arriscado. E geralmente não perdoa os covardes e os pune com longos períodos de seca, desdém e uma vida no calabouço.
Na minha estrada eu nunca tive um banquete de amor, apenas migalhas caídas de mãos descuidadas, sobras do amor que alguém desprezou. Mas, a culpa não é do amor e sim minha, pois sou do tipo que teme investir todas as minhas sementes num só solo e me contento com o mínimo das migalhas do caminho.
E ai não tem outra, quando chega a hora de colher é pura matemática. Quem pouco plantou, pouco colherá, quem muito plantou, muito colherá, quem nada plantou que se dane, oras!
Estou aqui observando um vasto campo onde poderia estar o meu pomar e só vejo pó e nada de mar. Não vejo vida nem verdes paragens.
Quando eu era pequeno tinha uma propaganda que dizia: adubando dá!
Não adubei e ninguém deu, OOOOOps!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Tudo estava bem!


É verdade eu nunca dei muita bola pra essa coisa de arrumação de casa, troca de móveis e aspirador de pó.
E em meio aos meus livros, discos e filmes encontrei sua foto, num dia de sol no calor de Floripa a ilha do amor.
Aquela viagem foi surreal, bacana merrrmo, mas, nós não sobrevivemos a ela e descobriríamos depois que ela (a viagem), foi uma tentativa de ressuscitação de algo que não mais agonizava, já cheirava mal.
Mas, fotos impressas são o meu ponto fraco (mais um)? e a minha memória teimosa só consegue lembrar do que foi bom.
E me diz ai, como é que você vai? fiquei sabendo que se separou... Eita coisinha ligeira essa né? nem disfarço e já quero saber se dá pra rolar um flash back.
Eu tenho a impressão que não mudei em nada, só de endereço e que no antigo deixei a maior parte do meu couro cabeludo.
Foi bom te encontrar, vamos marcar qualquer dia pra tu ir em casa...
Cara, isso nunca acontece "marcar qualquer dia"...
Mas, como foi bom te ver!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Reincidência!

Eu aprendi a não ter cuidados para evitar o amor.
Deixo que ele venha, me atropele e me atropele de novo, quantas vezes ele quiser. Pois só assim, cheio de hematomas e dores eu me sinto vivo, ou melhor, me sinto no papel para o qual fui criado: Amar.
Se você pudesse enxergar a minha alma hoje veria apenas as ataduras, a boca, o nariz e um par de olhos sedados pelo amor. Os olhos aliás, esses você pode ver sim e eles estão gritando.
E é assim todo arrebentado como se uma locomotiva me tivesse jogado longe dos trilhos da vidinha pacata e comum dos não amantes, que caminho torto, manco, quase mutilado de volta a conhecidos braços que outrora me afagaram.
Calma benzinho tô indo... É o calcanhar que tá doendo. Antes era o cotovelo.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Da tundra ao páramo!

Vivendo como se estivesse em uma máquina de lavar, num daqueles processos que tem bastante caldo e depois centrifugação, agentes quimicos e altas temperaturas, ela arrumava a sua mala, cansada, fatigada, cheia de toda aquela tola excelencia que tudo a sua volta exigia.
Gaveta após gaveta ela ia abrindo e de lá lembranças de uma parca felicidade lhe acenavam em sorrisos amarelados de uma gente mal vestida.
O tempo passou, passou pra todos e a impressão que se tinha é que uns fizeram melhor proveito dele do que outros.
Pegou papel e caneta e esboçou um bilhetinho azul.
Um copo, gelinho e uísque, pronto! on the rocks... Fumou, porque nessas horas fumar faz bem!
Desistiu do bilhete por achar que ninguém se interessaria pra onde ela estava indo, se pro Alaska ou pra forca. Ninguém se interessa por ela.
As lágrimas lhe faltaram, por falta de força, ou por achar que nem isso valeria a pena. Mas, criou coragem, voltou ao bilhete e escreveu assim:
A quem interessar possa:
Não me chamo mais Adelaide e nem moro mais aqui. Essa mala, também não a quero mais. Não são minhas essas coisas e eu muito menos sou delas.
Um ok pra você Frederico, você sempre esteve certo, ufa! que alivio...
De tanto lhe avisar que esse homem não prestava hoje me sinto culpada por seu marido lhe bater Fernanda, desculpe.
No mais, tudo foi um enorme engano. A coisa toda saiu do eixo logo cedo. Por isso mesmo, vou recomeçar. Afinal, estou com 102 anos apenas e tenho muito o que fazer.
Com amor, uisque, cigarro e rancor.
Louis Lane.