Vivendo como se estivesse em uma máquina de lavar, num daqueles processos que tem bastante caldo e depois centrifugação, agentes quimicos e altas temperaturas, ela arrumava a sua mala, cansada, fatigada, cheia de toda aquela tola excelencia que tudo a sua volta exigia.
Gaveta após gaveta ela ia abrindo e de lá lembranças de uma parca felicidade lhe acenavam em sorrisos amarelados de uma gente mal vestida.
O tempo passou, passou pra todos e a impressão que se tinha é que uns fizeram melhor proveito dele do que outros.
Pegou papel e caneta e esboçou um bilhetinho azul.
Um copo, gelinho e uísque, pronto! on the rocks... Fumou, porque nessas horas fumar faz bem!
Desistiu do bilhete por achar que ninguém se interessaria pra onde ela estava indo, se pro Alaska ou pra forca. Ninguém se interessa por ela.
As lágrimas lhe faltaram, por falta de força, ou por achar que nem isso valeria a pena. Mas, criou coragem, voltou ao bilhete e escreveu assim:
A quem interessar possa:
Não me chamo mais Adelaide e nem moro mais aqui. Essa mala, também não a quero mais. Não são minhas essas coisas e eu muito menos sou delas.
Um ok pra você Frederico, você sempre esteve certo, ufa! que alivio...
De tanto lhe avisar que esse homem não prestava hoje me sinto culpada por seu marido lhe bater Fernanda, desculpe.
No mais, tudo foi um enorme engano. A coisa toda saiu do eixo logo cedo. Por isso mesmo, vou recomeçar. Afinal, estou com 102 anos apenas e tenho muito o que fazer.
Com amor, uisque, cigarro e rancor.
Louis Lane.
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