sexta-feira, 10 de julho de 2009

UTI!

A tia de branco me pediu pra escrever tudo. Me disse que era psiquiatra e que isso iria me ajudar.
- Crie um diário e relate as coisas que lhe chamarem a atenção. Disse ela com ar de sabedoria e com a certeza de que eu não tinha muitas alternativas.
Cara quão mórbida pode ser a curiosidade humana, eu ainda nem morri e esse abutre de branco já quer consumir as minhas memórias.
Pois bem senhorita, venha e conheça os meus pensamentos, entre sem pudores na minha intimidade. Só espero que você seja boa o suficiente pra fazer delas uma tese de doutorado.
Tudo aqui é muito branco e o soro cai em gotas e cada gota deveria representar vida, mas, me parece mais um relógio sinistro, um voraz devorador do tempo e tempo e saúde são duas coisas que eu não tenho.
Todos esses tubos, aparelhos, respiradores, macas, facas e bisturis são as armas que tenho pra duelar contra o que me consome. Eu, logo eu, que sempre gostei das armas medievais.
Olho em volta e não vejo algumas coisas que costumavam me acompanhar durante toda a minha vida.
Onde está o meu sarcasmo?
E aquela certeza de que só acontecia com os outros?
Pra onde foi toda aquela coragem e desdém?
E logo aprendo uma lição: tem coisas que morrem antes da morte chegar.
O inevitável filminho da minha vida começa a ser exibido em branco e preto. Mas, o controle não está comigo. Não tem pausa, avançar, voltar, nem gravar de novo.
Sim, tem coisas das quais me arrependo!
Sim, me arrependo também de coisas que não fiz!
E em vão suplico mais uma chance...
Trimmmmmmmmmmmmmm, trimmmmmmmmmmmmm!!!!
O despertador me sacode pra mais um dia “comum”
Dias comuns não existem, pessoas comuns, menos ainda.
Lavei o rosto, desci pro café e sorri pro ovo frito.
É meu caro quase galináceo, não importa como se morre, importa mesmo é como se vive!

Um comentário:

wivi disse...

"não importa como se morre, importa mesmo é como se vive!" uhuu.

meo, vc copia essas filosofias de algum lugar, caso contrário deveria providenciar imediatamente um livro!

;)